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A ascensão dos Micro-VCs
Na última década, novos atores entraram no mercado de Venture Capital, dando opções paralelas a um ambiente antes dominado por fundos institucionais.

Querida comunidade Kria,
Na última década, novos atores entraram no mercado de Venture Capital, dando opções paralelas a um ambiente antes dominado por fundos institucionais. Agora, contamos com um mercado pulverizado, onde investidores anjos, clubes de investimentos, plataformas (oi!) e micro-VCs firmaram seu papel.
Na news de hoje, vamos falar sobre os micro-VCs. Café na mão?

Na definição da Pitchbook, os Micro-VCs se configuram como qualquer fundo com menos de $50 milhões; enquanto isso, a Crunchbase sobe um pouco a barra para $100Mi; mas, no Brasil, é comum que esses fundos sejam menores. Num geral, são escritórios pequenos, especializados em early stage e que ajudam durante a fase de escalar as empresas, seja gerando conexões, seja provendo expertise em diferentes temas. Além disso, ao se voltarem para empresas iniciais, os micro-VCs também mostram que estão mais abertos a aceitar os riscos, se beneficiando quando as empresas crescem exponencialmente (sim, a curva em J entrou aqui, de novo).
De acordo com a Crunchbase, o número de micro VCs aumentou 120% na última década, com cerca de 58% com sede nos próprios EUA. Esse rápido crescimento faz com que seja esperado um aumento também no tamanho do mercado, onde se projeta um boom de vários milhões de dólares até 2029:

Atualmente, cerca de 70% dos Micro-VCs investem em early stage, e contam maior flexibilidade e adaptação de tese. Uma vez que costumam contar com menos LPs envolvidos, também têm capacidade de tomar decisão mais rápida. Outro ponto interessante é a menor obsessão com os unicórnios, uma vez que se interessam por empresas com capacidade de crescer e distribuir valor aos investidores com exits que podem ser “só” milionários, não sendo tão ansiosos com o valuation de um bilhão.
É claro que a cereja do bolo dos Micro-VCs reside no acompanhamento da empresa e no relacionamento com a equipe fundadora. Isso porque eles trocam a política de ter diversas empresas no portfólio, como nos fundos maiores, e, com isso, podem dedicar mais tempo no auxílio das investidas.
Por aqui, somos muito adeptos à tese de um mix de capitais investindo nas empresas. Temos co-investimento com importantes micro VCs, como a Grão, investidora da Mais Mu, EquityRio, nossa parceira e investidora na The Question Mark e Flip Saúde e, recentemente, a STRIVE, que está liderando a atual rodada bridge de R$3 milhões da Flip Saúde. Um motivo de orgulho para nós é que a STRIVE conheceu a Flip Saúde quando convidamos Thiago Galli, managing partner da empresa, a ser nosso Deal Partner na rodada realizada em 2023. Foram 18 meses de relacionamento construído entre as partes.
Por isso, também fica o convite: quer apresentar seu negócio para o Kria? É só demonstrar seu interesse e o time de VC entra em contato com você :)

- Como mencionamos, a Flip (antiga Axxes) recebeu aporte da Strive. Pelos próximos dois anos, contará com o auxílio de 35 investidores que entraram pela Strive; entre eles, nomes como Pedro Conrade, CEO e fundador do Neon, Marco Cauduro, ex-CEO da CCR e sócio da Prisma Capital, e Maria Teresa Fornea, vice-presidente da unidade de home equity da Creditas.
- A Fluke lançou um espaço para empresas, onde fornece planos de telefone corporativos.
- E, claro, relembre nossa incrível página de comemoração dos dez anos de Kria!
Obrigada por ter me acompanhado até o fim de mais uma news. Nos encontramos toda quarta-feira, 16h37! Dúvidas, opiniões, feedbacks? Basta responder esse e-mail! :)
E não esquece também de encaminhar esse e-mail para seus sócios, colegas de trabalho e amigos. (Se você recebeu o email pela primeira vez agora, faça o cadastro no nosso site para receber as próximas edições.)
Au revoir,
Veja também

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Mudanças regulatórias à vista
Há uma semana compartilhamos que a CVM em breve colocaria para consulta pública novas regras e limites para uma evolução da Resolução 88 - que regula o mercado de crowdfunding e tokenização.
Voilá! Dito e feito, a autarquia publicou ontem, no dia 24/09, o Edital de Consulta, convidando os participantes do mercado a contribuírem com a nova norma - que por enquanto chamaremos de Resolução 88+.
Tem exclusão de limite de faturamento para as emissoras, entrada oficial de securitizadoras, avanços em liquidez, distribuição e +. E como prometido, nós traremos a análise aqui para vocês. Vamos lá?
Histórico Regulatório


O novo mercado de capitais nasceu em 2014 quando fundamos o Broota (que em 2018 virou Kria) e lançamos a primeira Oferta Pública para uma PME através de “uma plataforma na internet”. A própria linguagem de nossas primeiras ofertas entrega nossa idade de mercado, rs.
No aspecto regulatório, porém foi a Instrução CVM 588, publicada em 2017, que “fundou” o mercado de Plataformas de Investimento, trazendo clareza dos limites e maior segurança regulatória.
Pela CVM 588, empresas com faturamento de até R$10 milhões podiam captar R$5 milhões por ano pelas Plataformas. Os investidores tinham um limite de investimento de R$10 mil por ano, e as Plataformas assumiram um importante papel de intermediário.
Rapidamente os limites da 588 se mostraram pequenos diante dos avanços do mercado, e em 2022 a Instrução foi substituída pela Resolução 88: limite de faturamento das empresas subiu de R$10 milhões para R$40 milhões (ou R$80 milhões, em grupos econômicos), teto de captação cresceu para R$15 milhões por oferta, e a CVM abriu as portas da liquidez, permitindo às Plataformas estruturarem mercados secundários para negociação de ativos, exclusivos porém aos investidores ativos de cada plataforma.
As Orientações que enquadraram tokenização e securitização de ativos dentro da Resolução 88 (que exploramos em mais detalhes na última newsletter) deram um novo gás ao mercado, e trouxeram a urgência de uma nova atualização regulatória.
É aqui que estamos hoje.
A Resolução 88+

A CVM abriu audiência pública para sua proposta de uma nova Resolução, que substituirá a Resolução 88, ampliando ainda mais os limites do mercado. O texto introdutório é para nós, que acompanhamos cada pequena evolução desse mercado, motivo de grande nostalgia e emoção:
“Originalmente concebida para atender sociedades empresárias de pequeno porte, a norma (Resolução 88) busca ampliar as alternativas de financiamento para empresas em estágios iniciais ou em expansão, ao mesmo tempo em que fomenta a participação do investidor de varejo no mercado de capitais. Desde sua edição, tem se mostrado eficaz na criação de um ambiente regulatório proporcional aos riscos, contribuindo para a inovação, a diversificação de oportunidades de investimento e de financiamento, e o fortalecimento do ecossistema de crowdfunding de investimento.”
- Edital de Consulta Pública SDM 05/2025.
Por hoje, nós apenas compartilharemos, sem juízos de valores, o que a CVM propôs de mudanças normativas. Nas próximas semanas traremos nossa opinião sobre as mudanças propostas, e mudanças que não estão lá - mas que lutaremos para que estejam.
Principais novidades

Novas emissoras e limites
As emissoras eram qualificadas pela Resolução 88 como sociedades empresárias de pequeno porte, com limite de faturamento anual em R$40 milhões. Pela 88 plus, a CVM amplia a gama de emissoras:
- Retirando a limitação de faturamento das sociedades empresárias, o que abre o mercado para milhões de negócios, mais robustos e consolidados, com necessidade de acesso a capital.
- Introduzindo securitizadoras como emissoras, com regimes informacionais customizados a suas características
- Fortalecendo o agro, ao trazer como emissoras também as cooperativas agropecuárias e produtores rurais
Os limites de captação (R$15 milhões por sociedade) e possibilidade de distribuição parcial com meta mínima e lote adicional mudarão - de acordo com a emissora:

Maior potencial de distribuição
Historicamente, um dos principais desafios do mercado está na frente de distribuição, com regras que limitavam a capacidade das Plataformas de se integrarem ao mercado financeiro tradicional. Isso deve mudar - ainda bem!
A CVM propôs uma nova forma de distribuição em que as Plataformas poderão distribuir seus valores mobiliários diretamente na infraestrutura dos intermediários - como corretoras, bancos e casas de AAIs, garantindo que esse intermediário poderá cuidar da experiência de seus investidores dentro de casa.
Mais um passo pela liquidez
A autorização das Plataformas de mediarem operações secundárias entre investidores, trazendo mais liquidez para os valores mobiliários, tinha um desafio de volume: as negociações estavam restritas a investidores ativos na Plataforma (e entendia-se por ativos, investidores que realizaram aportes nos últimos 2 anos).
A nova proposta da CVM tira a limitação para investidores ativos, permitindo que qualquer um se cadastre na Plataforma de negociações. Um próximo e importante passo, ainda não contemplado na minuta da Resolução 88+, seria permitir que os ambientes das plataformas se integrem, com interoperabilidade para garantir um maior volume de operações.
Diversificação à la fundos
O arcabouço do crowdfunding foi pensado para que os investidores possam alocar o capital diretamente em cada oferta, sem gestão discricionária por terceiros. Para alguns investidores, porém, poder mandatar à um gestor ou fundo mais experiente o capital, para que ele aloque em múltiplos ativos, traria uma maior diversificação e proteção à carteira.
Entendendo esse benefício, a CVM propôs que gestores autorizados pela própria autarquia poderão captar recursos para suas teses de investimento, e alocá-los pelos próximos 18 meses em emissoras por eles selecionadas.
A audiência pública está aberta para manifestações até o dia 23/12/2025, e a expectativa é que a nova norma entre em vigor em 2026. O Kria participará ativamente da audiência pública, entusiasmados pela oportunidade de vermos nascer uma Resolução 88+++ que redesenhará o mercado de capitais.
Que entusiasmante :)

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O primeiro bilhão das Plataformas
Quem acompanha o Kria já faz um tempo sabe que estamos há anos (mais precisamente, há 11 anos) empreendendo pela democratização do acesso ao capital, dos dois lados - dos investidores e dos empreendedores.
Falamos por aqui sobre o tal novo mercado de capitais sempre com uma visão de futuro. Mas e quando o futuro chega? Não se preocupe, não estou aqui para filosofar sobre o tempo, mas para compartilhar que o mercado de capitais está em uma acelerada evolução desde 2024.
Então, prepare o cafezinho e acompanhe a Newsletter de hoje, que traz um panorama sobre essa nova fase do mercado de capitais no Brasil.
O primeiro bilhão das Plataformas

Até 2023, as Plataformas de Investimento Coletivo transacionavam, na sua totalidade, menos de R$300 milhões por ano, uma participação de 0,05% no volume total das operações no mercado de capitais, de acordo com o Boletim Econômico da CVM. Mas em 2024, esse número saltou para R$1.3 bilhões em emissões via Plataformas. E para 2025? Até o final do 1o semestre, já foram R$2.2 bilhões - e a participação no volume das operações, subiu para 0,5%.

O motor dessa virada? A Renda Fixa Digital.
Em 2023, a CVM publicou orientações para tokenizadoras e securitizadoras, estendendo a aplicação da Resolução 88, antes restrita ao crowdfunding, para esse novo universo de ativos.
Com isso, a Resolução 88 se consolidou como o principal arcabouço regulatório do novo mercado de capitais. Distribuições de ativos securitizados, como CRIs, CRAs e outros certificados de recebíveis, passaram a ser mais simples e economicamente viáveis mesmo em operações menores.
Além da simplificação, essa mudança destravou um mercado com potencial multibilionário.
Estima-se que a necessidade anual de crédito das PMEs supere R$700 bilhões. O gap de financiamento ainda pode ser muito maior se considerarmos o estoque de crédito privado. Hoje menos de 0.5% desse crédito está disponível através das Plataformas de Investimento Coletivo - mas a tendência, como já vimos, é de aumento exponencial.
O que vem pela frente

Para que esse mercado se consolide como o principal canal de acesso a esses ativos, algumas adaptações regulatórias ainda são necessárias — e a CVM já está se movimentando.
Nas próximas semanas, a autarquia deve colocar em consulta pública novas regras para a Resolução 88. As mudanças devem ser significativas: aumento de limites, entrada de novos participantes... Há até a possibilidade de a Resolução 88 ser substituída por uma nova norma.
Aqui no Kria, acompanhamos de perto — e com entusiasmo — os avanços regulatórios e de mercado. Recentemente, lançamos em nossa Plataforma novas operações de Renda Fixa Digital, com rendimentos acima de 20% a.a. e prazos entre 12 e 18 meses.
📰 Lançamos também uma nova Comunidade de Avisos através do WhatsApp, por onde compartilharemos notícias sobre o mercado e novos lançamentos.
>> Acessar a Comunidade Kria <<

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Qual o preço da imortalidade?
Querida comunidade Kria,
Já pensou em viver para sempre? Posso dizer que alguns bilionários já, o suficiente para estarem financiando pesquisas para chegar o mais próximo disso possível. Do outro lado, existem pessoas usando a tecnologia para gerar melhor qualidade de vida para idosos na atualidade.
A news de hoje é sobre a relação entre tecnologia e envelhecimento. Café na mão?

A candidatura do atual Presidente Democrata Joe Biden à reeleição movimentou a imprensa e a internet acerca da ideia do envelhecimento. Uma das pautas de maior fascínio da sociedade – desde o antigo Egito, até o Renascimento – tem sua cota de fascínio também no Venture Capital.
O que pode parecer uma premissa meio irreal ou cyberpunk é, na verdade, uma tendência: acreditando que a morte é o próximo problema a ser resolvido, surge uma busca interessante por auxílio da tecnologia para a longevidade. Estou falando de empresas que buscam prolongar a vida…indefinidamente. E, para isso, o mercado de VC entra como uma forma de arrecadar fundos para as pesquisas dessas empresas.
As iniciativas são diversas: existem iniciativas que tentam reverter o envelhecimento a nível celular, enquanto outras apenas o retardam e, quando nenhuma das duas foi o suficiente, a criogenia entra com muita relevância aqui. Sobre essa última em específico, sua força é tão grande que já existem formas de você proteger seu patrimônio por até quinhentos anos como parte de uma ideia de “quando voltar, terei acesso”. Pegaram a vibe de faraós e suas pirâmides?
O mercado é tão reservado que mesmo achar dados sobre seu tamanho é complicado, mas os investimentos estão em algo entre $5Bi a $6Bi anualmente. Diferente dos mercados mais populares no Venture Capital, como fintechs, SaaS ou A.I, o investimento é extremamente mais arriscado e de longo prazo. Isso porque demanda anos de pesquisas científicas e experimentações: ou seja, um ciclo de financiamento muito superior ao prazo dos fundos. É por isso que a Indústria da longevidade é sustentada por fundos específicos e alguns bilionários. Entre os investidores, temos grandes nomes como Sam Altman (OpenAI), Jeff Bezos (founder Amazon), Larry Page e Sergey Brin (founders Google), Peter Thiel (PayPal) e Larry Ellison (Oracle).
Enquanto alguns buscam a vida eterna, um movimento mais expressivo de negócios quer melhorar a qualidade de vida dos idosos: as age techs. A ideia geral é criar aparatos para que a tecnologia ajude a proporcionar uma vida digna, com melhores condições de saúde, independência, mobilidade e inclusão social.
Quando falamos do mercado de age techs, o cenário é promissor e bem menos sigiloso: de acordo com a the Gerontechnologist, espera-se que chegue aos US$2 trilhões investidos. Isto é motivado por dois fatores: o crescimento da chamada “Economia da Longevidade” (gastos de mais de 50 anos), que foi de $26Bi para $37Bi a nível mundial; e crescimento na taxa de digitalização, que pulou de 4% para 8%.
Falar sobre a tecnologia para alongar a vida é sempre interessante. E, seja com visionários quase loucos querendo perpetuar a existência ou com visionários mais tranquilos que buscam melhorar a vida que já temos, o mercado se equilibra.

Julho é a época dessa pergunta. Felizmente, a Slinghub já lançou o material do Q2 da américa latina, trazendo mais informações sobre como foi. E, cobrindo de forma simples: o volume investido aumentou um tanto, seja na comparação entre quarters, seja na comparação entre anos. Ainda assim, o número de rounds diminuíram.

Assim, os rounds estão maiores. Por aqui, chegamos até a ver o late stage, com rounds B e C sendo celebrados! Mas o pódio continua com o early stage, com 112 rodadas em LatAm, da qual 74 são no Brasil.
Estamos de olho com as próximas movimentações.
Obrigada por ter me acompanhado até o fim de mais uma news! Nos encontramos toda quarta-feira, 16h37, na sua caixa de e-mail! Dúvidas, opiniões, feedbacks? Basta me mandar um e-mail! :)
E não esquece também de encaminhar esse e-mail para seus sócios, colegas de trabalho e amigos. (Se você recebeu o email pela primeira vez agora, faça o cadastro no nosso site para receber as próximas edições.)
Au revoir,
Le, do Kria
Comunicação e comunidade


